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Amazonas

Viúva de Bruno Pereira visita local onde indigenista e repórter foram mortos, no Amazonas

Bruno e Dom: medo e paralisação da Justiça para punir acusados marcam os três anos da morte no Vale do Javari, no Amazonas.

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Beatriz Matos relembrou , ao jornal O Globo, o relacionamento com servidor da Funai, assassinado junto com o jornalista Dom Phillips no Vale do Javari em 2022. Três anos depois do duplo assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, no Vale do Javari, no Amazonas, o clima de tensão e medo persiste na região dos sinuosos e imponentes rios Javari, Ituí e Itaquaí, na tríplice fronteira com a Colômbia e o Peru, onde a presença de criminosos e narcotraficantes é intensa. Apesar da prisão dos envolvidos, inclusive do homem apontado como o mandante das mortes pela Polícia Federal, Ruben Dario Villar, o Colômbia, o caso segue sem a condenação dos envolvidos.

Ao visitar o local dos homicídios, Beatriz Matos relatou a convivência com Bruno e, depois do crime, o luto junto com os filhos do indigenista. “Essa é a primeira vez que eu volto ao Vale do Javari desde a morte do Bruno. É a primeira vez que eu visito as cruzes que foram colocadas no local do assassinato em memória dele e de Dom Phillips, no rio Ituí. O caminho todo da viagem até a aldeia Massapê, do povo Kanamari, que ele gostava tanto, é o meu ritual de elaboração do luto que nesses três anos eu não consegui fazer do jeito que eu queria porque logo em seguida meu filho mais velho, Pedro, foi diagnosticado com um câncer raro, com grandes chances de vir a óbito aos 3 anos. Hoje, depois de 2 anos de tratamento aqui no Brasil e nos Estados Unidos, ele tem se recuperado bem e agora eu posso viajar mais enquanto concilio meu trabalho na direção do departamento de povos isolados e de recente contato do Ministério dos Povos Indígenas (MPI).

Eu me recordo desde o primeiro dia em que nos conhecemos, em 2010. O que me uniu ao Bruno foi a nossa fascinação pela causa indígena, mas também a mágica que nos fez em 2014 decidir morar juntos no Vale do Javari, ele como coordenador da Funai e eu como antropóloga que estudava os Matsés para o meu doutorado. Me apaixonei sobretudo pela convicção e coragem que ele tinha de lutar pelos povos originários, além de ser uma pessoa inteligente e cativante que arrastava a todos que o conheciam. Nossa união rendeu muitos frutos, crescimento profissional e dois filhos. Em 2016, eu estudei para um concurso e fui aprovada para dar aulas na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém. Foi incrível ser aprovada em uma universidade federal para dar aulas de antropologia.

Bruno vivia também um ótimo momento realizando várias expedições com grandes sertanistas por Rondônia, Mato Grosso e Amazonas e começou a focar o trabalho dele nos povos isolados, com muita metodologia. Ele foi atrás de andar com Rieli Franciscato, Altayer Algayer e Jair Candor, essa galera de veteranos da Funai. Ele tinha deixado a coordenação regional de Atalaia do Norte e fomos morar num lugar bacana, em Belém. A nossa parceria foi aumentando comigo dando aulas e mantendo o Javari como foco dos meus estudos, e Bruno fazendo essas expedições. Era a vida do doutorado que eu queria: Bruno ava dois meses fora e um Belém. Era o casamento perfeito (risos).

Mas daí pintou a vontade de ter filhos, estávamos apaixonados. Tenho cartas maravilhosas dele desse período. Parecia um filme que estávamos vivendo. Alugamos uma casa, fiz um escritório. É nesse período que o Bruno se constrói como o grande indigenista para isolados. Eu ajudava a ele a entender os parentescos dos povos. Era muito lindo.

Em 2017 eu fico grávida e, no ano seguinte, nasce o Pedro, a quem demos o segundo nome de Uaki, em homenagem ao cacique Caiçuma da aldeia Lobo, do alto Jaquirana. Vem, então, o convite para o Bruno assumir a coordenação geral de povos isolados e de recente contato da Funai (CGIIRC). Fomos para Brasília, já em meados de setembro de 2018. Daí eu faço um movimento na universidade que se chama exercício provisório e fui dar aulas no Departamento de Antropologia, da Universidade de Brasília (UnB), depois de voltar da licença maternidade.

Dez meses depois de nascer o Pedrinho, eu fiquei grávida do segundo menino, Luís Vissá, uma homenagem aos isolados Korubo, dos quais um dos contatos foi conduzido pelo Bruno.

O Luiz nasceu em janeiro de 2020, com o Bruno já nesse período todo na CGIIRC. Foi a pior fase do nosso casamento. Ele, obcecado do jeito que era, voltava pra casa tarde todos os dias e eu sozinha com os meninos. Era só problema e chateação o tempo inteiro, com os problemas da Funai. Bruno estava envolvido com as operações de destruição de balsas do garimpo na Terra Yanomami e do Vale do Javari. Isso provocou a ira do presidente Jair Bolsonaro, que mandou exonerá-lo depois das operações do Exército, Polícia Federal e Ibama. Ele também ou a ser perseguido na Funai e a responder por um processo istrativo. Neste mesmo período a gente começa a organizar a fundação do Observatório dos Povos Isolados (OPI) e, junto com as instituições indígenas, a pensar na estrutura das políticas de proteção aos povos isolados que hoje estão em vigor e foram reconhecidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em 2021, a gente volta pra Belém porque a pandemia supostamente ia dar uma arrefecida. O Bruno voltou às expedições pela Univaja, e eu ei a ficar mais sozinha com as crianças.

Eu entrei no OPI e fiquei mais nesse braço acadêmico, coordenando um grupo de pesquisa, e o Bruno ficava com essa articulação com jornalistas e políticos. Mas as coisas foram complicando na questão indígena, com a Funai aparelhada e fazendo muita pressão e perseguição contra os servidores que defendiam a causa. Colocaram um missionário para assumir o departamento de indígenas isolados, o que foi um duro golpe para todos.

Na pandemia, a nossa relação ficou boa de novo, porque ele estava viajando, no mato. Ele estava feliz. A gente se via menos o que era legal, porque a gente se dá o refresco que todo casamento tem que ter.

Ele estava muito empolgado e isso foi um refresco no contexto Bolsonaro, porque ele estava sendo perseguido. Eu fui convidada para dar uma palestra no Canadá em julho, já estava com visto aprovado. Eu já não amamentava mais e podia contar com ele quando estava em casa. Ele que fazia os meninos dormirem, brincava mais com eles. Ele estava reconstruindo a relação com os meninos.

Ele não me falava que estava sendo ameaçado. Tivemos uma conversa na cozinha lá de casa, em Belém, onde eu comentei com ele sobre o assassinato do servidor da Funai Maxciel Pereira, em Tabatinga. Quis saber dele como estava se protegendo, se não estava se expondo muito. Também porque a base da Funai foi alvo de tiros diversas vezes. Ele então disse para eu não me preocupar, que estava tomando todos os cuidados, e eu também confiava nisso porque ele era muito metódico. Ele era muito cuidadoso, não era inconsequente.

No dia em que ele chegou a Atalaia do Norte, antes de subir para o Vale do Javari com o Dom, era uma sexta-feira, dia 3 de junho, nos falamos rapidamente pelo telefone sobre questões bancárias e de pagamentos. Ele estava bem e me disse que tinha volta programada para o domingo, dia 5. Ele queria voltar logo para não perder o avião para casa.

No domingo pela manhã eu fui com as crianças brincar na praça perto de casa e mandei as fotos dos meninos para a avó, mãe de Bruno. Eu e Bruno tínhamos um lema por saber que a nossa vida na luta indígena implicava em ficar muitos dias incomunicáveis: falta de notícia significava “boa notícia”.

Quando foi à noite, o Beto Marubo, coordenador da Univaja, me ligou. Ele me contou, então, que Bruno não tinha voltado, e os agentes da Equipe de Vigilância da Univaja já tinham percorrido o caminho que ele havia feito com Dom umas três vezes e nada. Achei estranho, mas procurei ficar tranquila, sem desespero. Pedi para eles continuarem procurando. Pensei assim: o barco deve ter quebrado. Então, liguei para um casal de amigos que ficaram conversando comigo. Ficou tarde da noite e adormeci. Amanheceu e o dia começou já com as notícias de que eles estavam desaparecidos

Daí comecei a ficar muito preocupada, sem ligar televisão por causa das criança. Eu ficava no Twitter o dia inteiro e falando com os amigos do OPI e da Univaja para me inteirar de tudo o que estava acontecendo nas buscas. Não tinha como sair de casa e ir para lá por conta das crianças. Foram dias muito pesados, dez dias de buscas e eu não conseguia dormir. Não quis tomar remédios. Eu tinha algo dentro de mim que mantinha minhas esperanças.

Minha casa virou uma loucura. Amigos mais próximos chegavam, minha mãe e outros familiares, pessoal foi cuidando de tudo. Eu só conseguia me manter acordada lendo as notícias e tentando saber sobre as buscas. Nesse meio tempo saiu aquela notícia absurda de que os corpos já tinham sido encontrados. Fiquei muito triste, enquanto falava com a Alessandra, mulher do Dom.

No dia em que encontraram alguns objetos deles agarrados nas árvores… Ali caiu a minha ficha de que algo terrível havia acontecido e eles poderiam estar mortos, de fato. Foi quando desabei em choro. Depois encontraram os corpos e fui falar com os meninos. Expliquei pra eles que o papai tinha morrido porque alguns homens muito ruins não gostaram que o Bruno defendesse os indígenas e mataram ele e um amigo. Os dois me abraçaram. Choramos muito. Mesmo o Luiz, pequeninho, com 2 anos, viu que o irmão estava chorando e repetiu a emoção.

Os dias que se seguiram foram muito intensos até o funeral, certidão de óbito foi um processo muito difícil. Fomos para Recife, onde seria o funeral do Bruno. Recebi uma ligação do presidente Lula, com a promessa de que, se fosse eleito, daria total atenção à causa indígena. Achei o gesto muito forte, de um estadista mesmo. Ninguém soube e nem ele quis ganhar holofotes com isso.

A cerimônia do funeral foi muito emocionante com a homenagem dos indígenas Fulniô, amigos e parentes. Pouco antes do réveillon, eu recebi a ligação da Sônia Guajajara, me convidando para assumir a diretoria de povos isolados e de recente contato do MPI. Decidi aceitar para continuar uma luta que era do Bruno, mas muito minha também. Logo em seguida, veio a bomba da doença do Pedro.

Depois de um transplante de medula, sessões de radio e quimioterapia, posso dizer que ele está ótimo, em total remissão desde janeiro do ano ado. Ele acabou de fazer uma cintiografia na semana ada e o tratamento nos Estados Unidos terminou. A gente faz consulta de seis em seis meses, antes era de três em três. Ele ainda toma sete comprimidos por dia, mas já voltou para escola. Ontem mesmo minha mãe mandou uma foto dele brincando de expedições e mapas.

A Marina Silva me fala uma coisa que acho bacana de levar comigo e saber da importância do Bruno para a questão indígena e ambiental. Ela me diz que ele tinha o mesmo olhar e a energia para ações que a lembrava Chico Mendes, de convicção e firmeza. Eu me inspiro nisso, todos os dias.

Agora, três anos depois, sigo tocando a vida com as crianças, com muito trabalho no Ministério para reconstruir uma política de proteção efetiva para os povos isolados. Mas sinto muitas saudades do Bruno e agora voltando aqui pude ver que esse processo ainda vai perdurar por um bom tempo. Voltei a fazer sessões de análise com uma psicóloga e tento dar continuidade ao trabalho do Bruno, mas tento resguardar ao máximo essa relação com os meninos. Penso muito nessa barra que vai ser as crianças crescerem sem o pai. Vamos ter que enfrentar isso sozinhos. Na luta que foi conseguir o atestado de óbito dele, me vi muito no filme “Ainda Estou aqui”. Não quero que tudo o que aconteceu seja banalizado. E que o fato dos assassinatos do Bruno e Dom seja importante para mim, para os meninos e para o mundo.”

Como está o processo

Em outubro do ano ado, o Ministério Público Federal (MPF) apresentou recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que seja mantido o julgamento do réu Oseney da Costa Oliveira, por júri popular. Para o MPF, ele, juntamente com os réus Amarildo da Costa Oliveira e Jefferson da Silva Lima, deve ser julgado por duplo homicídio qualificado. Mas nada avançou depois disso, e ainda não há data para o julgamento. Também não foi para frente, no MPF, o indiciamento de Colômbia como mandante do crime pela PF. Questionado pelo jornal O GLOBO, o MPF afirmou que o inquérito ainda está sendo analisado, e o caso corre em segredo de Justiça.

Operações da PF e do Exército se intensificaram, mas, segundo os indígenas ouvidos pela reportagem, ainda são insuficientes. O Vale do Javari é a segunda maior terra indígena do Brasil, com 8,5 milhões de hectares e seu tamanho requer muito mais do que operações pontuais. É preciso, de acordo com o entendimento de quem atua na área, de presença fixa e irrevogável das forças de segurança do Estado.

— Uma área extensa como essa, de riquezas naturais sem comparações e numa área tão perigosa como é a tríplice fronteira com a presença de madeireiros, garimpeiros e narcotraficantes, não ter bases fixas da Polícia Federal e do Ibama parece até brincadeira de mau gosto — afirma Bushe Matis, atual coordenador da Univaja.

Formada e idealizada pelo indigenista Bruno Pereira, a Equipe de Vigilância da Univaja, a EVU (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) continua a fazer apreensões e multiplicou por cinco o número de monitores (108 integrantes) na região, além de ter virado um modelo para outras terras indígenas. Mas, segundo a liderança Gago Kanamari, as ameaças continuam:

— Não posso dizer que não houve uma certa recuada do crime organizado na região após as mortes de Bruno e Dom, mesmo com ações tímidas e pontuais do governo federal. Nossa equipe está atuando em outras regiões, como o Médio Javari, onde hoje se concentra a maior parte das invasões, mas ainda não nos sentimos seguros. Dia desses recebemos ameaças por mensagens e vídeos — diz.

Representante da Associação Kanamari do Vale do Javari (Akavaja), Feliciana Kanamari, falou ao GLOBO na aldeia Massapê sobre a ameaça concreta que recebeu dois meses após as mortes de Bruno e Dom. Na ocasião, um grupo de criminosos invadiu a aldeia. Munidos de fuzis e pistolas, colocaram uma arma em seu peito.

— Eu ainda tenho trauma daquele acontecimento. Entrei no programa de proteção da Comissão Interamericana dos Direitos Humanos(Cidh), mas não desisto da nossa luta. Mesmo ainda hoje, quando fico um tempo fora de minha casa na cidade de Atalaia do Norte, quando volto, meu quintal está cheio de cascos de tracajá, por pura provocação. Agora estou aqui na aldeia e sei que quando voltar, eles vão repetir essa provocação. Então a gente está sempre em alerta, não conseguimos ter paz — conta.

O GLOBO visitou a base de vigilância do Ituí, principal posto da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) para a proteção de indígenas isolados, que em 2019 sofreu oito ataques a tiros de invasores. Segundo o chefe de serviço da Bape Ituí, Waldecir Cardoso Jaste, a situação está menos tensa na região após os assassinatos de Bruno e Dom.

— Não sofremos mais ataques desde então. Mas isso não significa que o perigo não exista. A presença da Força Nacional nos traz segurança, mas estamos sempre em alerta — conta

— Dá para dizer que as coisas estão mais tranquilas, mas, recentemente, fomos surpreendidos pela presença de drones sofisticados vigiando a base. Pedimos autorização do comando para abatê-los, mas quando fomos disparar, eles se afastaram. Não sabemos ainda do que se trata e nem de onde eles vêm. Podem ser de invasores controlando nossa presença, pode ser até de missionários que ainda tentam entrar na terra indígena para evangelizar indígenas korubo que vivem isolados — explica.

Já o chefe da Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari (FPE-VJ), Ilter Rodrigues diz concordar que o número de ocorrências diminuiu, mas acrescenta não se sentir à vontade para andar pelos municípios vizinhos Atalaia do Norte, Benjamin Constant e Tabatinga. Ele ressalta que recentemente ele e sua equipe quase sofreram uma emboscada de caçadores, na Base do Quixito.

— Fizemos uma apreensão, e eles deram a volta na mata para nos preparar uma emboscada. Estavam fortemente armados e eu não sei o motivo do porquê não atiraram — afirma.

Procurado pelo GLOBO, o governo federal, por meio do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), afirmou que há em andamento, desde junho de 2023, o Plano de Proteção Territorial do Vale do Javari. Coordenado pelo MPI, o plano tem a coordenação da diretora de Departamento de Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato da pasta, Beatriz Matos, viúva de Bruno.

O MPI afirma que as ações coordenadas entre os órgãos federais participantes são uma resposta do governo federal para o cumprimento de decisões judiciais à Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 991, no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF), de uma Ação Civil Pública da Justiça Federal do Estado do Amazonas, e de Medidas Cautelares da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).  De acordo com o órgão, essas medidas “representam um reconhecimento internacional da gravidade da situação e da necessidade urgente de proteção para os povos indígenas e defensores de direitos humanos na região”.

O MPI destaca ainda a participação da Univaja ao longo do processo de elaboração do plano, com o aporte de informações qualificadas sobre o território e o diálogo realizado também ao longo da sua execução. Desde a sua implementação, o plano realizou 42 operações que resultaram em 211 ações fiscalizatórias; R$ 27 Milhões em multas aplicadas;  5,5 toneladas de pesca ilegal apreendidas (principalmente pirarucu – 4,9 ton.); 3,1 toneladas de carne de caça ilegal;  689 animais silvestres (pacas, queixadas, jacarés, macacos, cotias, veados, entre outros; 13.879 ovos de quelônios (tracajá).

Ainda segundo o MPI, foram inutilizadas 157 dragas, 55 balsas e 171 motores em ações de garimpo ilegal;  com a apreensão de 1.502 gramas de ouro; 72.580 litros de diesel, 4.765 litros de gasolina, 2.500 litros de gasolina de aviação e 420 litros de óleo lubrificante, entre 110 inutilizações de embarcações e diversos materiais de pesca ilegal; 55 geradores de energia; 52 motosserras; 93 armas e 1.042 munições de variados calibres, além de 73 aparelhos celulares, 40 antenas de Internet e 54 freezers.

Procurada, a presidência do IBAMA não retornou aos contatos da reportagem. Da mesma forma, o STJ não retornou quando questionado sobre a nova data do júri popular e nem se outros envolvidos, assim como Colômbia, serão incluídos.

Por nota, a Polícia Federal informou que, ao longo de dois anos de investigação, promoveu o indiciamento de nove investigados, tendo sido devidamente identificado no relatório final o mandante do duplo homicídio, o qual forneceu cartuchos para a execução do crime, patrocinou financeiramente as atividades da organização criminosa e interveio para coordenar a ocultação dos cadáveres das vítimas. Os demais indiciados tiveram papéis na execução dos homicídios e na ocultação dos cadáveres das vítimas.

O inquérito revelou ainda, diz a nota da PF, a atuação da criminalidade organizada na região de Atalaia do Norte, ligada à pesca e caça predatórias. A ação do grupo criminoso gerou impactos socioambientais, causou ameaças aos servidores de proteção ambiental e às populações indígenas. O coordenador do grupo criminoso, segundo a Polícia Federal, Ruben Dario da Silva Villar, conhecido como “Colômbia”, foi identificado no relatório final da PF e se encontra preso.


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